Patologias

TEA – Transtorno do Espectro Autista

A primeira descrição do transtorno do espectro autista (TEA) foi feita em 1943 pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner, que descreveu 11 crianças que apresentavam isolamento social extremo, obsessão pela preservação da mesmice, comportamentos repetitivos e aspectos não usuais da comunicação.

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, marcado por déficits persistentes na comunicação e interação social, assim como a presença de padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesse ou atividades, sendo estas alterações presentes desde o início do período do neurodesenvolvimento.

Quando falamos em “espectro”, incluímos desde quadros mais leves até aqueles com mais comprometimento na independência e autonomia.

Segundo a OMS, estima-se que 1-2% da população mundial (cerca de 76 milhões de pessoas) encontram-se no espectro do autismo. No Brasil, são estimadas cerca de 2 milhões de pessoas com o diagnóstico. Estudos dos últimos 30 anos evidenciam aumento crescente no número de casos, mantendo preferência pelo sexo masculino, numa relação de 4 meninos:1 menina.

A causa do TEA ainda não está bem definida. O que sabemos até o momento é que o TEA é clinicamente e etiologicamente heterogêneo, tratando-se de um transtorno multifatorial, com importante influência genética, com alta herdabilidade e associação com alguns fatores de risco ambientais. Apesar de diversas alterações genéticas cursarem com o TEA como parte do seu quadro clínico, as causas genéticas conhecidas representam apenas cerca de 10% dos casos. Já em relação aos fatores ambientais, sabe-se que causas externas, como exposição materna aos agrotóxicos, a utilização de medicamentos inibidores da receptação de serotonina na gestação, uso de álcool ou tabaco, obesidade e diabetes gestacional, assim como a baixa ingesta de ômega-3, foram relacionados ao TEA.

O diagnóstico do TEA é clínico, tendo como base os critérios diagnósticos do DSM-5. Uma vez feito o diagnóstico de autismo, passa-se à pesquisa da sua etiologia, com a realização de exames complementares, como neuroimagem, eletroencefalograma ou triagem metabólica, por exemplo, a serem indicados de modo direcionado, conforme cada caso.

O tratamento do autismo, por sua vez, deve ser individualizado e envolve uma abordagem multidisciplinar. Somando-se a isso, é comum a presença de comorbidades nos pacientes com TEA, como TDAH e transtornos psiquiátricos, principalmente, sendo de suma importância a sua abordagem conjunta para uma melhora global do paciente. De modo prático, o tratamento envolve a terapia não farmacológica, composta primordialmente pela terapia multidisciplinar, somada à orientação familiar e, em alguns casos, à terapia farmacológica, destinada a controlar sintomas-alvo, e determinada de modo individualizado. Evidências acumuladas nos últimos anos mostram que quanto mais precoce a criança com TEA for diagnosticada e iniciar o seu tratamento, melhor será seu prognóstico e mais capaz será de ter uma vida próximo da normalidade e autossuficiente.

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